Silêncios

Dois corpos unidos, entrelaçados rolavam tentado o melhor da união de duas almas. Tornavam-se numa apenas por alguns intermináveis segundos, as dúvidas insistiam, perturbavam e mantinham-se tal como as gotas de um esforço prazeroso.
Dois corpos unidos e afastados na mesma dimensão, correndo lado a lado para uma única e válida intenção.
Dois corações a bater em ritmos diferentes, em comum apenas o ritmo acelerado. O calor a subir, as dúvidas a querer partir mas de segundo em segundo a permanecer…
Dois corpos entrelaçados num grito de regozijo.
Dois corpos lado a lado com uma propósito, o de adormecer.
Ele pedia-lhe, repetidamente, baixinho que ela não partisse, não se apercebendo que os seus lábios não se mexiam e o seu pedido se perdia no seu silêncio egoísta.
Ela sonhava que dois corpos se uniriam sem angústias, sem tormentos, sem o mínimo tumulto.
Dois corpos lado a lado, distantes como nunca, permaneciam e aqueciam ilusões contrárias.
Um conúbio de silêncios feito, de palavras não ditas e não ouvidas apenas de incertezas repetidas.
Um corpo rejeitado por ideias defendidas, sentimentos conturbados, sentenças repetidas.
Um corpo sem sentido, agarrado ao passado, que lado a lado com o infinito procura outro corpo rejeitado.